Histórias Inspiradoras: Tatiane Barleto Canizela Guimarães (Alumni)

07 outubro 2025 Comunidade
Publicado por Giovanna Trevisan
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Na série Histórias Inspiradoras, damos voz a alumni que tiveram sua trajetória marcada por uma experiência acadêmica na França. Nesta edição, conheça a jornada de Tatiane Barleto Canizela Guimarães, coordenadora de Ensino e Pesquisa e de Educação Continuada em um grande hospital filantrópico em Belo Horizonte, além de professora, pesquisadora e membro de comitês editoriais na área de administração.

Minha trajetória acadêmica tem um marco especial: a realização do doutorado em cotutela entre a Université Paris-Est, na França, e a PUC Minas, no Brasil.

Passei o primeiro ano integralmente em Paris, onde mergulhei na vida acadêmica francesa, e, nos anos seguintes, precisei conciliar a docência universitária no Brasil com retornos anuais à França, sempre nas férias escolares, para seguir avançando no projeto de pesquisa.

A experiência foi intensa, exigente e transformadora. Na França, encontrei um ambiente acadêmico formal, crítico e rigoroso, onde cada seminário era um verdadeiro exercício de preparação e resiliência. Já no Brasil, a estrutura e a elevada carga horária de disciplinas, as metas de publicações e a proximidade nas relações traziam outra forma de aprendizado. Viver esses dois mundos em paralelo me deu clareza sobre como a ciência pode ser construída a partir de perspectivas distintas, mas igualmente valiosas.

O percurso, que deveria durar três ou quatro anos, acabou se estendendo por cinco. Entre os motivos estavam a obrigatoriedade de cursar disciplinas nos dois países, a exigência de publicações relevantes para habilitar a defesa, os pareceres minuciosos dos rapporteurs franceses e a necessidade de organizar uma banca composta por professores de ambos os contextos acadêmicos. Foi um processo desafiador, mas extremamente enriquecedor.

Ao longo desse caminho, tive três orientadoras: duas na França — uma brasileira radicada em Paris e uma professora francesa — e uma no Brasil, na PUC Minas. Cada uma trouxe olhares, estilos e expectativas diferentes, o que tornou minha formação mais plural e me permitiu enxergar minha pesquisa sob ângulos complementares.

O desafio não foi apenas acadêmico. Foi também pessoal e familiar. Vivi essa aventura ao lado das minhas duas filhas e do meu marido, que também é professor universitário e pesquisador e estava em pós-doutorado na França. Uma delas tinha apenas um ano, mal falava e andava; a outra, com seis, enfrentou com coragem a alfabetização em francês — e o fez de maneira admirável. Conciliar a maternidade, a vida de doutoranda internacional e a docência universitária foi uma prova diária de resiliência, organização e aprendizagem cultural riquíssima.

Escrever e defender uma tese em francês foi, talvez, o maior dos desafios. Mais do que dominar a língua, foi preciso absorver os códigos acadêmicos franceses — a forma de argumentar, a estrutura do texto, o estilo crítico. Cada página escrita foi uma verdadeira imersão cultural e intelectual.

Se hoje olho para trás, posso dizer com tranquilidade: faria tudo outra vez. A França me marcou profundamente. Amo sua cultura, sua história, sua intelectualidade e, sobretudo, Paris — onde aprendi que se perder pelas ruas pode ser tão valioso quanto qualquer descoberta acadêmica. Tenho até um sonho declarado: quando envelhecer, vender tudo e me mudar para o quatrième, pertinho da Place des Vosges.

Atualmente, atuo como coordenadora de Ensino e Pesquisa e de Educação Continuada em um grande hospital filantrópico em Belo Horizonte, além de professora, pesquisadora e membro de comitês editoriais na área de administração.

Todo esse percurso acadêmico, vivido entre Brasil e França, ampliou não apenas minha visão profissional, mas também minha maneira de compreender o mundo.

A todos que sonham em estudar na França e seguir a carreira acadêmica, deixo um estímulo: vale cada desafio, cada esforço e cada madrugada mal dormida. A jornada é exigente, mas a recompensa é infinita — intelectual, cultural e, acima de tudo, humana.




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