
Centre Pompidou em Foz do Iguaçu abre caminho para 2027
No início do mês, o presidente do Centre Pompidou, Laurent Le Bon, esteve no Paraná para participar da cerimônia de lançamento oficial do futuro museu em Foz do Iguaçu. O evento contou com a presença do governador Ratinho Junior, da secretária estadual da Cultura Luciana Casagrande Pereira e da cônsul-geral da França em São Paulo, Alexandra Mias.
A ocasião marcou um momento histórico: a confirmação de que, em novembro de 2027, Foz do Iguaçu será a casa da primeira antena do Pompidou nas Américas.
Um marco da cooperação cultural franco-brasileira
A cerimônia realizada em setembro de 2025, em Foz do Iguaçu, marcou o lançamento oficial do futuro Centre Pompidou x Paraná.
Embora o projeto já estivesse em gestação há alguns anos — com negociações iniciadas em 2021 e a assinatura de um protocolo de acordo em maio de 2025 —, foi nesse encontro que autoridades brasileiras e francesas apresentaram ao público os detalhes arquitetônicos e a proposta cultural do museu.
A inauguração
Com abertura prevista para novembro de 2027, o Centre Pompidou x Paraná será o primeiro satélite da instituição no Hemisfério Sul e se soma às colaborações já existentes em Málaga, Bruxelas, Xangai e AlUla.
Para Le Bon, o projeto faz parte de uma expansão global que transformará o Pompidou em uma verdadeira “constelação cultural”, com Foz do Iguaçu como uma de suas estrelas mais brilhantes.
O que o público pode esperar
A proposta vai muito além de uma filial do museu parisiense. O centro terá uma programação pluridisciplinar, reunindo exposições, espetáculos, festivais de cinema, conferências e residências de artistas. Parte da célebre coleção de mais de 140 mil obras do Pompidou estará disponível em Foz, dando acesso a um acervo que reúne nomes como Magritte, Warhol, Bourgeois, Tarsila do Amaral e muitos outros.
Mas o museu não será apenas um espaço de importação cultural. A ideia é também valorizar a produção artística sul-americana e dar visibilidade às dinâmicas próprias da região da tríplice fronteira, estimulando o diálogo entre artistas brasileiros, argentinos e paraguaios.
Arquitetura enraizada no território
O prédio do futuro museu é outro diferencial. O projeto é assinado pelo arquiteto paraguaio Solano Benítez, vencedor do Leão de Ouro na Bienal de Veneza em 2016 e conhecido por sua abordagem sustentável. Em Foz, ele utilizará tijolos de terra vermelha produzidos no próprio terreno, em uma construção que busca unir inovação, ecologia e identidade local.
Inspirado no modelo do Pompidou parisiense, o edifício contará com uma grande praça aberta ao público, além de espaços de exposição moduláveis, biblioteca de pesquisa, ateliês educativos e áreas de convivência. Um dos destaques é a integração direta com a mata nativa, dissolvendo fronteiras entre interior e exterior.
Da ideia à concretização
O caminho até aqui foi longo. Em 2013, uma exposição itinerante do Pompidou no Brasil acendeu a ideia de uma parceria mais permanente. Após negociações iniciadas em 2021 e o primeiro contrato assinado em 2022, o projeto ganhou forma definitiva em 2025, quando foi apresentado ao público durante uma semana de ativações culturais em Foz. Oficinas de fabricação de tijolos com estudantes e crianças, masterclasses e encontros com a comunidade marcaram esse início coletivo e simbólico.
As obras devem começar em 2026, com investimento estimado em R$ 200 milhões, e a expectativa é que o novo museu abra suas portas em novembro de 2027.
Impactos esperados
A chegada do Pompidou promete transformar Foz do Iguaçu em um novo destino do turismo cultural internacional. O governo estadual calcula que, além dos 2 milhões de visitantes que já passam pelas Cataratas todos os anos, o museu trará um perfil de público que viaja especificamente em busca de arte e cultura.
Para a rede France Alumni, o projeto abre portas para novas oportunidades acadêmicas e profissionais: residências artísticas, intercâmbios, formações em curadoria e mediação cultural, além de trocas permanentes entre instituições francesas e brasileiras.
Mais que um museu
Desde suas primeiras ações, o Pompidou de Foz tem buscado dialogar com a comunidade local. O gesto de permitir que crianças moldassem os primeiros tijolos que serão incorporados à obra ilustra bem a proposta: construir não apenas um edifício, mas também um sentimento de pertencimento.
Ao unir tradição e inovação, natureza e arte, França e Brasil, o Centre Pompidou em Foz do Iguaçu promete ser um símbolo de cooperação e criatividade para as próximas gerações.
Linha do tempo: da ideia ao canteiro de obras
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2013 — O curador Marc Pottier traz ao Brasil a exposição elles@centrepompidou (coleção de artistas mulheres), no CCBB Rio e Belo Horizonte. A visita inspira a ideia de uma antena brasileira.
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2021–2022 — Governo do Paraná e Pompidou alinham diretrizes; assina-se o primeiro contrato de cooperação.
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2024 — Seleção de Solano Benítez como arquiteto do projeto.
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28 de maio de 2025 — Protocolo de acordo para criação do centro em Foz do Iguaçu, com duração inicial de cinco anos.
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4 a 6 de setembro de 2025 — Semana de ativações no terreno: oficinas de fabricação de tijolos (com participação de crianças e estudantes), masterclass de Benítez, encontros com a comunidade e anúncio do projeto arquitetônico final.
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2026 (1º semestre) — Previsão de início das obras.
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Novembro de 2027 — Abertura prevista ao público.
Perspectivas para a comunidade acadêmica e cultural
A instalação do Centre Pompidou em Foz do Iguaçu deve trazer novas possibilidades de troca e aprendizado, conectando artistas, estudantes e profissionais da região com experiências internacionais.
Ainda que muitos detalhes estejam em definição, já é possível apontar alguns caminhos:
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Trocas acadêmicas e culturais: intercâmbios e colaborações entre instituições brasileiras, francesas e sul-americanas.
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Formação e qualificação: oficinas, masterclasses e ciclos de aprendizado em áreas como curadoria, mediação cultural e gestão de museus.
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Turismo criativo: fortalecimento da economia cultural da região, com atração de visitantes interessados em arte e inovação.
Mais que um espaço de exposições, o Pompidou em Foz do Iguaçu pode se tornar um ponto de encontro internacional para a criação e a reflexão cultural!
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